quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A internet e a proteção ao meio ambiente

Quais as possibilidades de emancipação social (e, portanto, de proteção do meio ambiente, visto que a dominação existente sobre os mais fracos tem a mesma origem, como já apontado) com o uso da internet como instrumento de contestação pelos movimentos sociais?

Sem dúvida, um assunto que dificilmente escapa à análise das questões ambientais é a sua dimensão transfronteiriça, a qual é fortalecida pelo avanço das práticas globalizantes/globalizadoras, realizadas com maior ênfase a partir da década de 1980. Nesse contexto, Boaventura de Sousa Santos (A Globalização e as Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 2002) aponta a existência de dois tipos de globalização: 1) aquela que é homogeneizadora, que impõe práticas inicialmente locais aos demais espaços do globo, basicamente aquela que se constitui em concretização da dominação dos mais fortes sobre os mais fracos; 2) a contra-globalização ou globalização anti-hegemônica, que surge como contestação, combate às imposições resultantes do processo anterior - sendo uma das suas manifestações o "cosmopolitismo" ou, mais simplesmente, os novos movimentos sociais, realizados em escala global ou com temas que sejam de interesse global.

A partir disso, retorno à pergunta anterior, para destacar que, de fato, a possibilidade de operacionalização desses movimentos globais está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação - dentre as quais, destaca-se a Internet.

Para autores como Manuel Castells (A sociedade em rede. Trad. Roneide Venancio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 1999, v. 1) e André Lemos (Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002) as novas tecnologias da informação verdadeiramente revolucionaram o modo de vida humana a ponto dos mesmos defenderem que hoje vivemos na "sociedade da informação", que passa a desenvolver uma nova cultura, que pode se denominada de cibercultura - tudo isso em razão de novas formas de sociabilidade.

No entanto, é necessário recordar que ainda que essas novas tecnologias engendrem novas formas de trocas sociais e culturais - tendo em vista o fato de que a produção da informação/conhecimento e a sua troca ocorre a partir de várias origens (como esse próprio blog!), quebrando os antigos padrões dos meios de comunicação de massa (como a televisão e o rádio) em que emissor e receptor da mensagem eram facilmente identificados (hoje já não mais de forma absoluta) - nem todos têm acesso a esse meio de comunicação em termos globais. Assim, considerando que em termos gerais os países com maior acesso à rede são os países centrais, tem-se como conclusão inicial que o conteúdo das manifestações são predominantemente originários daqueles que realizam o processo de globalização hegemônica.

A minha intenção aqui não é demonizar as novas tecnologias - já se sabe que percepções maniqueístas são essencialmente redutoras da realidade, pois todos os fenômenos são bons e ruins ao mesmo tempo - mas alertar para o fato de que esse novo instrumento deve ser enxergado também, analogamente, a partir do nosso Princípio da Precaução; ele deve ser utilizado e sua expansão deve ser promovida com o objetivo de transformarmos as trocas de poder hierarquizadas em "trocas de poder de autoridade partilhada" (Santos, op. cit.), realizando movimentos que busquem a emancipação social - e, como já dito, uma nova relação com a natureza.

Para exemplificar isso, trago o link da Sociedade Mundial de Proteção Animal, que realiza atividades concretas e, também, movimentos via email - utilizando a rede como meio de proteger o meio ambiente, buscando estabelecer uma nova visão da relação ser humano-natureza menos hierarquizada. Link: http://www.wspabrasil.org/

Vale a pena acessar, cadastrar-se e participar das campanhas promovidas pela mesma. Isso é ativismo virtual!

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